Novela das Oito

O nome é só pela audiência... SHOW ME THE MONEY!!!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

De quando fomos crianças



Como foi bom ser criança. O Natal foi uma festa divertida, quando eu ganhava presentes e todos pareciam satisfeitos e felizes, eu tive medo dos fogos dos Anos Novos, fui à praia para vê-los, e quis ir a uma Missa do Galo para ver como era, mas quis ir embora e dormir.
Aliás, eu não tive nojo das praias, nem das águas, nem das areias. As férias foram longas e eu brinquei de bonecas. Eu não sabia o que era machismo e a distribuição sexista de tarefas diárias, não sabia que a menina é educada para a vida privada enquanto os meninos para a vida pública, achava normal que eles brincassem de carrinho, de polícia e ladrão, de guerrinha enquanto eu me diverti com minhas bonecas, no bercinho, fazendo comidinha, esperando o "pai" chegar em casa.
O Natal foi legal, assim como foi a Páscoa, pura e simplesmente pelo que eu ganhava do Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa , porque eu não sabia o que era transcendental, Deus e tudo mais, a cruz era só mais um desenho, como a estrela, o peixe, o círculo e o quadrado. Eu não sabia o que era consumismo, comércio, capitalismo...selvagem, não sabia que todos aqueles sorrisos das pessoas nas ruas e nos shoppings eram falsos, a alegria emanava do poder de comprar e não do desejo de presentear, aliás, não via o quão tolo pode ser presentear alguém nessa época do ano.
Quando fomos crianças não sabia o que era tristeza, pobreza e muitas outras palavras, que eram apenas palavras. Chaves era engraçado e inédito, He-man e Beepbeep também, foi hilário. Não existia profundidade nem complexidade nos relacionamentos, quando amizade se resumia ao estado de meus brinquedos depois de jogarmos. Eu amava meus pais e só, e isso bastou e basta para que eu não os deixe nem eles a mim, jamais.
Hoje é tudo diferente, maçante, azucrinante até, complexo, profundo, difícil. Eu não gosto do Natal, nem do Ano Novo, nem da Páscoa e, a partir de agora, nem do carnaval. Não consigo olhar nos olhos das pessoas depois do dia 15 de dezembro e, pelo menos, até dia 5 de janeiro, de repente todos foram ao dentista e precisam sorrir, as ruas, o metrô, o ônibus, todos os lugares perecem saídos de uma propaganda da Coca-cola ou da Colgate. QUE SACO!
Nunca mais consegui entrar numa igreja, até em casamentos me sinto mal, porque não consigo ver aquela estátua pregada na cruz, e o pior é que nem acredito, o que me importuna é a culpa que supostamente devemos sentir, todos, sem exceção. Odeio o Natal porque não acredito mais no bom velhinho nem tomo mais Coca-cola nem vou mais ao McDonald's. Odeio shoppings centers pelos seus próprios nomes, centros de compras. Odeio Ano Novo, porque é só uma convenção, tudo uma questão de calendário, nem mais do meu aniversário eu gosto. Todos os dias deviam ser importantes, todas as pessoas deviam ser gentis umas com as outras sempre.
Sim, hoje odeio tantas coisas, nem sabia o que era odiar quando fui criança. Mas, pôxa, agora o Chaves é sempre repetido, He-man e Beepbeep não têm mais graça nenhuma. Agora eu sei que a Barbie é um ideal da classe-média-burguesa-capitalista-americana e de mulher-gostosa-peituda-loiraça, gente (!), a Barbie nem tem vagina, e o Ken nunca teve pênis.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Uma característica


Que o brasileiro é mau educado e não passa de um filho da puta não é nenhuma novidade, mas gostaria de comentar uma característica que apresentamos (porque também sou brasileiro! Nasci nesse país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza!) : a de ser sempre o centro da atenção.
Não entendeu? Pois bem.
Já reparou que quando você está como pedestre e está atravessando a rua e vem um carro lá longe, e este carro, quando percebe que você tem a intensão de atravessar a rua, acelera ferozmente seu veículo para poder passar antes de você atravessar! Já reparou!? Eu até imagino o "piloto" dentro de seu veículo (algumas vezes, quase que literalmente uma carroça) '"tunado" falando: "O que! Pedestre! Preciso passar logo, nem que seja por cima! Tenho horário e estou atrasado! Sua vida e seus direitos de cidadão são isignificantes perante o meu interesse! Somente o meu objetivo está em pauta!". Agora, esse mesmo sujeito na condição de pedestre e na mesma situação: "Filho da puta! Não me deixou atravessar!". Mas mesmo assim, tudo continua a se repetir. Na rotatória sempre será você a ter preferência, porque você está lá! "Parar antes da faixa de pedestres para deixá-lo atravessar! Você deve estar brincando! Eu tenho que chegar ao meu destino o mais rápido possível! Poucos centímetros fazem toda a diferença! Mesmo quando vejo carros impossibilitando a passagem! E quando o farol abrir, demorarei a sair... porque não reparo muito no farol". "Quando mudo de faixa, não preciso da 'seta', o outro deve saber que eu quero mudar de faixa". E assim vai... não só no trânsito, mas no cotidiano, e não preciso mencionar mais, você é capaz de identificar diversas situações parecidas.
Mas uma coisa que exemplifica hoje em dia, e muito, essa característica é o necessário aumento salarial de nossos deputados e secretários da fazenda; porque eles ganham muito pouco, uma salário de fome, e é necessário esse abrupto aumento para garantir a sobrevivência deles; enquanto que a população não necessita tanto, já existe o "Bolsa família" para ajudar esses infelizes que só sabem pedir! Merda de proletariado!
Um pensamento "burguês" o do brasileiro? Pode ser, mas ele contamina um nação de pobres (coitados, idiotas, sem educação, sem engajamento, sem ideais; enfim, pessoas vazias nos mais diferentes aspectos).

Fodidos


Ei! Você! Você também é um fodido da vida? "Peraí"! Você não sabe em que sentido! Calma, não é no sentido sexual.
Então como assim um "fodido"?
Fodido é um algém que pouco antes de nascer teve uma conversa com Deus, e ele muito sabiamente lhe diz: "Meu filho, quase tudo... ou tudo na sua vida vai dar errado... quer um exemplo: Toda vez que for apontar um lápis no apontador ele vai ficar apontadinho e bonitinho, mas na hora de escrever a ponta vai quebrar; e isso vai acontecer sempre!". Pois ditas essas sábias palavras, você vem ao mundo... meio sem querer, mas vem (todo esperma é sagrado). Já deve sair como Macunaíma!
E assim vai, ao longo dos anos: Você é o rejeitado na escola (é considerado feio, gordo, esquisito, cheio de espinha, e isso na vida colegial é imperdoável! Você merecesse ser "zoado"!), seus pais não estão muito aí para você (a não ser que gaste muito o dinheiro deles! Dinheiro que juntam e juntam e não usam para nada, ao menos nada útil), tem uma saúde meia-boca (porque todos dizem que o importante é ter saúde), não consegue arranjar uma relação (porque você tem todas as características já ditas anteriormente, portanto, as mulheres ou homens te menosprezam), quando arranja a mulher ou homem é uma(um) filha(o) da puta ou você não consegue manter essa relação (agora digo uma boa relação, alguém descente e que você goste e que essa também pessoa goste de você). É um(a) aluno(a) medíocre na melhor das hipóteses, é fraco (fisicamente e psicologicamente), tem distúrbios mentais, complexo de incapacidade e inferioridade; e quando está prestes a morrer, viu que não fez nada de bom na vida. Só falta descobrir que o inferno existe!
Este é um fodido, por um acaso, esta é minha vida.
Meu nome é João Ninguém e eu sou um fodido.
"Boa noite João" ressoam as vozes ao fundo nos "Fodidos Anônimos".
Nota: Sim, este post é auto-biográfico.

sábado, dezembro 02, 2006

Exorcizando Fantasmas


Muitos dos nossos fantasmas nos perseguem vez ou outra. Mas e quando se vai atrás de seus fantasmas?
Pensando exorcizá-lo, persegui meu fantasma, mas não adiantou. A respiração ficou pesada, o coração bateu mais rápido: pior do que aparecer um fantasma para você é você aparecer para seu fantasma. Será que fiz eu o papel de assombração? Será que sou eu também um fantasma? Um fantasma de meu fantasma?
À distância suas formas pareciam diferentes das de anos atrás, sim, meu fantasma parecia mais forte. Ele vem se aproximando, eu não me mexia, tentava esboçar um sorriso, mas é difícil quando uma assombração se aproxima tão rápido.
Oi!
Enfim, suas feições eram as mesmas, as palavras, a entonação que dava a elas, o jeito de entortar mais um dos cantos da boca, sim, meu fantasma ainda era o mesmo, e aí está o problema: sendo o mesmo, continua a ser fantasma, meu, minha assombração.
Como São Tomé, precisava ver para acreditar, quis ver para acreditar que o fantasma havia se esvaecido, exorcizá-lo mesmo, tirá-lo de minha cabeça, fazer uma sessão de descarrego.
Mas, confrontando-me a ele, que surpresa, continua tão assustador quanto antes, muito antes, muito assustador. Prestei atenção a cada detalhe, de cada palavra a cada músculo de seu corpo de lençol branco com dois furinhos para os olhos. Olhei bem. E depois fugi!