Novela das Oito

O nome é só pela audiência... SHOW ME THE MONEY!!!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Síndrome

Puta que o pariu! O que acontece!
Estou a dias sem colocar nada de novo no blog e mesmo assim nada surgiu! Será que podemos chamar de crise de abstinência?! Se tivesse de prestar vestibular de novo estaria fodido pois nada vem à minha mente! O que faço! Vivo inercialmente e não é nada disso que eu quero! Meu maior medo... Uma certa angústia, um grande nervosismo, não paro quieto, mas mesmo assim as palavras não surgem... a última vez que me lembro de que algo realmente interessante surgiu foi a mais de um mês, e não consegui colocar as idéias aqui porque depois as perdi! É possível!?
Parece que travei, que estou em processo de mudança, que virarei uma barata gigante!!! (Mas se eu virasse uma barata gigante eu conseguiria escrever um livro de grande importância e sucesso!... Uma grande idéia!).
O que fazer? O que fazer? Sexo? Drogas? Rock'n'Roll? Doritos? Nada disso tem adiantado... será um regresso, ou é só uma questão de tempo para que eu escreva um best-seller?
Nossa! Como eu sou cheio de dúvidas quanto a mim mesmo!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Acabou,acabou! Buááá



Acabou a 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Nossa, estou cansada. Vi cerca de 25 filmes (isso porque tem gente que sobrevive a 70), conheci muita gente legal, subi e desci a Augusta (infelizmente não a 120 por hora) várias vezes, uma loucura. Cheguei adiantada, atrasada, emocionante. Mas, como não tive tempo de fazer isso durante a Mostra, vou postar aqui e no outro blog (Sem conhecimento de causa) algumas anotações sobre os filmes que vi, caso se interessem, juntamente com algumas crônicas que entitulei "Crônicas de uma Mostra".

Melhores cenas da Mostra:
- Zac cantando uma música do David Bowie com o rosto pintado igual ao do cantor. C.R.A.Z.Y.
- O personagem principal sendo "acusado" de ser inocente, quando se dizia ele mesmo culpado, por seus companheiros "mafiosos" da polícia. Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita
- O personagem furando o olho do Tio Patinhas de borracha. A classe operária vai ao paraíso
- "Só faltou o amarelo para ser comercial da Benneton". Que tan lejos

- Os mímicos de Paris, je t'aime
- O pai com aquela armadura sangrando enquanto a filha toca piano com aquelas asas negras, nonsense total. Mezcal
- "Acabou-se a música". Plutarco de O Violino
- O desespero de Jörgen antes de morrer em After the wedding.
- As sessões acompanhadas de música ao vivo das restaurações de filmes baseados na obra de Shakespeare de 1899 a 1911 e de Cabíria, a primeira mega-produção do cinema em 1914.
- Penélope Cruz cantando lindamente em Volver.
- O silêncio em Hamaca Parguaya.
- Ver Macunaíma restaurado no encerramento.

Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita

Itália, 1970, Elio Petri.
Palma de Ouro em Cannes, Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Qualunque imposizione faccia su di noi, egli è servo della Legge e come tale sfugge al giudizio umano". citação final no filme de O Processo, de Kafka.

A nós meros mortais às vezes parece incrível mas, querendo ou não, sabemos que a justiça pode ser cega, mas tem conta bancária que aceita depósito, é tendenciosa. Sabemos que o Sr. do Estadão está solto enquanto inocentes estão presos.
Outro título caberia ao filme de 70, o nome de um filme também em cartaz na Mostra: "A comédia do poder" o novo de Chabrol.
Rimos, sim, todos na sala riram, porque é extremamente cômico, e extremamente triste.
Existem sim pessoas acima de qualquer suspeita, pessoas com muito poder, mais do que acima de qualquer suspeita, estão acima de qualquer justiça. Não podem nem assumir serem culpados porque serão inocentados por seus iguais, pois se um cair, todos caem. Como diz meu pai: "Ah, u pudêrrr" (ênfase da fala).
A câmera foca o poder, filma o poder, mostra o poder, suas corrupções, seus fetiches. Gian Maria Volontè, o ator principal também de "A classe operária vai ao paraíso", consegue sair do oprimido desdedado e ir ao opressor poderoso, e você nem se lembra que ele não tem mais o anelar.
Todo o esquema do poder lembra a máfia, seu "chefe" lembra o Padrinho. Ele imagina como será seu julgamento pelos iguais e nem nós percebemos que é puro sonho mas, descobrimos, cremos, que será assim mesmo e não é que...

Qué tan lejos

Equador, 2006, de Tania Hermida.
http://www.que-tan-lejos.com/

Eu amo road movie!
Sim, quem mora em país de "3º mundo" "exótico" sabe que o país é mais do que paisagens de cartões-postais. O Brasil não é só Cristo Redentor, Pelourinho, Copacabana, Porto de Galinhas, Pantanal. Muitas vezes é preciso girar a câmera 180°, às vezes só 90° já basta, e ver o que é um país subdesenvolvido e porquê somos considerados como tal.
Mais, sendo menos pessimista, o Brasil tem também outras belezas que não constam de cartões-postais nem nos guias de viagens.
Assim também são nossos vizinhos que esquecemos, como o Equador. Quantos filmes equatorianos você já viu? Quantas cidades do Equador você sabe o nome? Quito? Só sabemos que existe o Equador por causa da pergunta de primário: Quais são os países da América do Sul que não fazem divisa com o Brasil? Equador e Chile. Uau!
"Qué tan lejos" é quase divino. Menos dogmático que "Diários de motocicleta" e mais problematizante e tão divertido quanto "E sua mãe também". Divertidíssimo aliás. Ri demais. Mas também chorei. E jamais é piegas.
O equilíbrio é alcançado com dois extremos encontrando-se, a personagem Esperanza, espanhola de Barcelona que trabalha numa agência de turismo, ganha viagens mas passa todas elas tirando fotos e filmando, e a personagem Tristeza, ou melhor, Teresa, uma universitária descontente com a situação política e econômica de seus país e se revolta com a postura turística de Esperanza, bom, no começo.
O filme narra a viagem das duas entre Quito e Cuenca, passando por cada situação cômica quase inacreditáveis. Coincidências mil.
Interessante o modo de apresentar personagens e cidades. Nome, registro no cartório, mãe, pai, profissão dos dois, primeira menstruação (primeira "gozada" para os homens) e doenças importantes na família. Para as cidades, data de registro nos cartórios da colônia e povos que formaram a cidade no início. Apresenta-se até um rio que, eu não sabia, deságua no Amazonas.
Um filme apaixonante e sensível.

Filmes afins:
- Diários de Motocicleta , EUA, 2004, de Walter Salles
- E sua mãe também... , México, 2001, de Alfonso Cuarón