Novela das Oito

O nome é só pela audiência... SHOW ME THE MONEY!!!

sábado, setembro 15, 2007

Hora de voltar?

Depois de tanto tempo decidi voltar. O por quê? Um forte impulso.
Estava no carro, dirigindo, com esse sol que tem assolado São Paulo nesses últimos, mas já estava no entardecer, e resolvi fazer um antigo caminho. Um caminho que não fazia há anos.
Memórias e sensações perdidas começaram a aparecer, e com isso, um fluxo de pensamentos começou. Acredito que seria o que os escritores chamam de "Brain Storm".
Não sou escritor e nem acho que escrevo muito bem, mas mesmo assim resolvi escrever baseado nesse suposto "Brain Storm"; inclusive a vontade de escrever surgiu com ele, porque vieram com os pensamento e queria evitar perdê-los.
Quanta coisa mudou, mas não tanto o que estava fora do carro, mas sim o que estava dentro do carro, entre o volante e o assento. Lá fora estava quase tudo do mesmo jeito que há anos; a maior mudança foi comigo.
Só um comentário quanto ao texto: Talvez não faça muito sentido do jeito que colocarei as coisas e provavelmente haverá erros de escrita, mas essa não é minha preocupação. Colocarei em ordem assim que puder.
As perdas, as vindas, os retornos... tudo começou à vir com a visão daqueles lugares.
Passava lá quase todo dia com meu pai; ele me levava à escola. Ele fazia cachorro-quente e leite com achocolatado para mim no café da manhã e hoje penso: "Que pai exemplar!"; mas, apesar da ironia, não sei se devo recriminá-lo muito, afinal, ele só queria agradar o filho, mas depois comecei a pensar se essa situação e talvez eu deveria recriminá-lo ,sim, por ter me mimado e por ter acabado desse jeito. Mas não posso culpá-lo ou inocentá-lo, ao menos exclusivamente, porque tantos são os outros culpados. Será que Freud ou Jung explicariam os meus casos?
Talvez não deva recriminá-lo mesmo, já que vivi pequena parte da minha vida "consciente" com ele: apenas 8 anos de idade cronológica e não sei quanto de idade psicológica; se bem que dizem que nessa idade é que tudo fica. "O menino é o pai do homem".
Tento me lembrar do que pensava antigamente ao passar naquele lugar... Me lembrei da música! Ah sim! A música! Isso sim é meu verdadeiro vício. Sempre foi! Me lembro que ele escutava CBN e eu odiava, queria morrer devido àquilo (mais tarde não só por isso), mas depois ele começou a colocar na Jovem Pan FM, e devo dizer, naquela época, para mim aquilo ''e que era música! Lembro, principalmente, da música do "Four Non Blondes"! "And I say: What's going on"!!! Eu nem sabia o que eles falavam, mas eu simplesmente adorava! Aquilo mexia comigo em todos os níveis: psicológico, hormonal, espiritual e sexual! Era demais! Aquelas ondas de rádio eram o mundo! O fator música, que mudou MUITO, tenho que ressaltar, tenho que agradecê-lo! Foi ele quem deu o pontapé inicial; muito antes de eu conhecer Pink Floyd.
Mas ele teve que perder a vida em um acidente de carro. "De carro!", eu exclamo.
Ele sabia que desde pequeno essa era minha paixão. Eu e os carros. A sensação de velocidade, o medo de andar na pista expressa da Marginal Tietê indo à Portuguesa, as cantadas de pneu saindo de casa e o melhor de tudo: poder ligar o carro! Comparando com hoje, posso dizer que a sensação era melhor que a de um orgasmo! Aquilo era tudo para mim, dentro do meu mundo. "Tudo o que ele precisava era de uma roda na mão e quatro no chão". Mas ele se foi, graças a um carro, talvez alguns ml de álcool no sangue e um traumatismo craniano no lado direito... "Dentro de um carro". Mas isso eu confesso de peito aberto: nunca precisou ser superado, pois nunca me afetou. Sempre sonhei quando chegaria o meu dia de dirigir; o dia em que eu estaria no volante, acelerando e com a suave brisa me acariciando, falando belas histórias, apresentando soluções aos meus problemas... tudo em tom de voz baixo e doce... O vento... que sensação!
Mas por que ele se foi?Por que ele se foi!??!?! Não é justo! Eu só chorei algumas vezes por esse fato: quando me contaram que ele havia falecido, depois daqueles dias em que os três restantes se divertiram tanto em casa e antes da viagem que tanto aguardáramos; quando o vi no caixão selado, "dormindo"; e quando contei àquela falsa, manipuladora, cínica, louca e perseguidora que eu queria saber o que ele acharia de mim se estivesse vivo: se teria orgulho ou desprezo por mim.
Me lembro até que bem daquele estranho dia do fato... A pessoa que me contou a notícia e o rancor que guardo por ela e lembro que meu padrinho me levou para casa. Chegando lá, no Jardim, ele me comprou um "Kinder Ovo®" e derrepente me senti aliviado, talvez até feliz. Hoje, pensando nesse fato isolado, me sinto um monstro (no final das contas, por esses e outros casos). Um garoto, que acabara de perder o pai fica feliz ao ganhar um "Kinder Ovo®"!!!. É possível incriminar alguém por isso, ou podemos desculpar devido à idade? Será que é só uma coisa pequena ou estou me punindo severamente? Esse tipo de questionamento flui em minha mente constantemente, não só por esse caso, mas por quase tudo, como poderei escrever mais à frente. Mas afinal, quem é o juiz? Eu? Você? A sociedade? A ciência? Eu não sei!!! Mas quem terá a razão?!
Também me lembro que pouco depois do chocolate, ligaram para minha casa procurando por meu pai. Não soube responder. Talvez até hoje eu não saberia responder àquele telefonema. Foi um momento estranho... Momentos estranhos... àqueles de 12 anos atrás, os de hoje de tarde e os de agora.
Há quem diga que é coisa de "Libriano", ser indeciso e ter esses questionamentos; há quem diga que é de gente fraca, que não se acerta e não se esquece do passado, o popular traumatizado; mas eu não sei. Só sei que nos últimos tempos eu tenho tentado me acertar com ele (o passado), resgatando e corrigindo erros. Nem todos são passíveis de correção, mas me esforço para com aqueles erros que acredito que devo me esforçar. Ah! Também há quem diga que é coisa que surge com a proximidade do aniversário. Antigamente ficava com a última opção, mas hoje, uma coisa tenho certeza: não é só isso que me causa esses "fluxos".

O carro, o sol, o vento, as ruas, as casas, o hospital, a escola, eu... eu... eu... ..................... O que sou eu?

"People are crazy and times are strange
I'm locked in tight, I'm out of range
I used to care, but things have changed"

Por onde ando?

sábado, fevereiro 10, 2007

SSIC - Sociedade Secreta de Infernização dos Cinéfilos

Sussurrando.
Ontem andando na rua encontrei um papel de aspecto "misterioso", alguém deve ter deixado cair sem querer.
Descobri uma sociedade secreta. Sim, sim, descobri.
Copio aqui exatamente o que continha o documento.

Nome:
SSIC - Sociedade Secreta de Infernização dos Cinéfilos
Objetivo:
Infernizar a vida dos cinéfilos paulistanos.
Alvo:
Cinéfilo - que ou aquele que ama o cinema como arte ou forma de lazer, que se interessa por sua evolução e suas realizações. (fonte: Dicionário Houaiss).
Missão:
Freqüentar os cinemas abaixo:
- Espaço Unibanco - dê preferência pela menor sala, por aquele filme que só tem uma sessão por dia e só lá em toda cidade;
- Unibanco Arteplex - de segunda à tarde;
- Cinesesc - preferencialmente em filmes exclusivos da sala;
- HSBC Belas Artes - nas salas do subsolo;
- cinema do CCBB - ah, sempre é bom, né? pequenininha atrai muitos alvos;
- Cinemateca - longe do jeito que é, só terá a nata da cinefilia;
- Cine Olido - nos festivais de diretores com nomes ilegíveis da antiga URSS.
Ação:
Uma vez escolhido o local de sua missão, vá à lanchonete e compre à vontade, pipoca (doce, com manteiga, com bacon, como quiser), refrigerante de lata, Tic-tac etc. Sente-se confortavelmente na poltrona central da sala (para aumentar as chances de acertar um alvo), tire o tênis e coloque o pé sobre o braço da poltrona da frente. Não se esqueça de não desligar o celular de maneira alguma, afinal você terá de checar as horas no visor de seu aparelho a cada 20 minutos.
Espere começar o filme e pigarreie, mas pigarreie forte, fungue o nariz, como se você estivesse com uma gripe terminal. Se nenhum outro membro da SSIC manifestar-se, sussurre algo sobre o que está acontecendo no filme, como "Nossa, quanta neve!" ou "Ai, é ela mesma!". Se você ouvir um "ssshhhiii", pode ter certeza: você não está sozinho. O mesmo deve fazer se alguém manifestar ser da SSIC, faça "ssshhhiii" e bufe, bufe como se tivesse muitíssimo enfadado, afinal, você estará porque não suportará o filme, quando não estiver mais agüentando aquele filme chato, tire um cochilo, sem medo de babar ou roncar, quanto mais você roncar, mais sucedida será sua missão.
Recompensa:
A cada missão bem sucedida você receberá na reunião da SSIC um vale da Blockbuster, onde poderá alugar gratuitamente os filmes constantes da lista da SSIC presente para consulta em todas as filiais da Blockbuster. Se preferir guardar os cupons, a cada 5 cupons você ganhará um ingresso para uma unidade do Cinemark.


Parece-me que o documento continuava, pois tinha uma marca de grampo retirado na folha que estava numerada. Estranho isso, não?

segunda-feira, dezembro 25, 2006

De quando fomos crianças



Como foi bom ser criança. O Natal foi uma festa divertida, quando eu ganhava presentes e todos pareciam satisfeitos e felizes, eu tive medo dos fogos dos Anos Novos, fui à praia para vê-los, e quis ir a uma Missa do Galo para ver como era, mas quis ir embora e dormir.
Aliás, eu não tive nojo das praias, nem das águas, nem das areias. As férias foram longas e eu brinquei de bonecas. Eu não sabia o que era machismo e a distribuição sexista de tarefas diárias, não sabia que a menina é educada para a vida privada enquanto os meninos para a vida pública, achava normal que eles brincassem de carrinho, de polícia e ladrão, de guerrinha enquanto eu me diverti com minhas bonecas, no bercinho, fazendo comidinha, esperando o "pai" chegar em casa.
O Natal foi legal, assim como foi a Páscoa, pura e simplesmente pelo que eu ganhava do Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa , porque eu não sabia o que era transcendental, Deus e tudo mais, a cruz era só mais um desenho, como a estrela, o peixe, o círculo e o quadrado. Eu não sabia o que era consumismo, comércio, capitalismo...selvagem, não sabia que todos aqueles sorrisos das pessoas nas ruas e nos shoppings eram falsos, a alegria emanava do poder de comprar e não do desejo de presentear, aliás, não via o quão tolo pode ser presentear alguém nessa época do ano.
Quando fomos crianças não sabia o que era tristeza, pobreza e muitas outras palavras, que eram apenas palavras. Chaves era engraçado e inédito, He-man e Beepbeep também, foi hilário. Não existia profundidade nem complexidade nos relacionamentos, quando amizade se resumia ao estado de meus brinquedos depois de jogarmos. Eu amava meus pais e só, e isso bastou e basta para que eu não os deixe nem eles a mim, jamais.
Hoje é tudo diferente, maçante, azucrinante até, complexo, profundo, difícil. Eu não gosto do Natal, nem do Ano Novo, nem da Páscoa e, a partir de agora, nem do carnaval. Não consigo olhar nos olhos das pessoas depois do dia 15 de dezembro e, pelo menos, até dia 5 de janeiro, de repente todos foram ao dentista e precisam sorrir, as ruas, o metrô, o ônibus, todos os lugares perecem saídos de uma propaganda da Coca-cola ou da Colgate. QUE SACO!
Nunca mais consegui entrar numa igreja, até em casamentos me sinto mal, porque não consigo ver aquela estátua pregada na cruz, e o pior é que nem acredito, o que me importuna é a culpa que supostamente devemos sentir, todos, sem exceção. Odeio o Natal porque não acredito mais no bom velhinho nem tomo mais Coca-cola nem vou mais ao McDonald's. Odeio shoppings centers pelos seus próprios nomes, centros de compras. Odeio Ano Novo, porque é só uma convenção, tudo uma questão de calendário, nem mais do meu aniversário eu gosto. Todos os dias deviam ser importantes, todas as pessoas deviam ser gentis umas com as outras sempre.
Sim, hoje odeio tantas coisas, nem sabia o que era odiar quando fui criança. Mas, pôxa, agora o Chaves é sempre repetido, He-man e Beepbeep não têm mais graça nenhuma. Agora eu sei que a Barbie é um ideal da classe-média-burguesa-capitalista-americana e de mulher-gostosa-peituda-loiraça, gente (!), a Barbie nem tem vagina, e o Ken nunca teve pênis.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Uma característica


Que o brasileiro é mau educado e não passa de um filho da puta não é nenhuma novidade, mas gostaria de comentar uma característica que apresentamos (porque também sou brasileiro! Nasci nesse país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza!) : a de ser sempre o centro da atenção.
Não entendeu? Pois bem.
Já reparou que quando você está como pedestre e está atravessando a rua e vem um carro lá longe, e este carro, quando percebe que você tem a intensão de atravessar a rua, acelera ferozmente seu veículo para poder passar antes de você atravessar! Já reparou!? Eu até imagino o "piloto" dentro de seu veículo (algumas vezes, quase que literalmente uma carroça) '"tunado" falando: "O que! Pedestre! Preciso passar logo, nem que seja por cima! Tenho horário e estou atrasado! Sua vida e seus direitos de cidadão são isignificantes perante o meu interesse! Somente o meu objetivo está em pauta!". Agora, esse mesmo sujeito na condição de pedestre e na mesma situação: "Filho da puta! Não me deixou atravessar!". Mas mesmo assim, tudo continua a se repetir. Na rotatória sempre será você a ter preferência, porque você está lá! "Parar antes da faixa de pedestres para deixá-lo atravessar! Você deve estar brincando! Eu tenho que chegar ao meu destino o mais rápido possível! Poucos centímetros fazem toda a diferença! Mesmo quando vejo carros impossibilitando a passagem! E quando o farol abrir, demorarei a sair... porque não reparo muito no farol". "Quando mudo de faixa, não preciso da 'seta', o outro deve saber que eu quero mudar de faixa". E assim vai... não só no trânsito, mas no cotidiano, e não preciso mencionar mais, você é capaz de identificar diversas situações parecidas.
Mas uma coisa que exemplifica hoje em dia, e muito, essa característica é o necessário aumento salarial de nossos deputados e secretários da fazenda; porque eles ganham muito pouco, uma salário de fome, e é necessário esse abrupto aumento para garantir a sobrevivência deles; enquanto que a população não necessita tanto, já existe o "Bolsa família" para ajudar esses infelizes que só sabem pedir! Merda de proletariado!
Um pensamento "burguês" o do brasileiro? Pode ser, mas ele contamina um nação de pobres (coitados, idiotas, sem educação, sem engajamento, sem ideais; enfim, pessoas vazias nos mais diferentes aspectos).

Fodidos


Ei! Você! Você também é um fodido da vida? "Peraí"! Você não sabe em que sentido! Calma, não é no sentido sexual.
Então como assim um "fodido"?
Fodido é um algém que pouco antes de nascer teve uma conversa com Deus, e ele muito sabiamente lhe diz: "Meu filho, quase tudo... ou tudo na sua vida vai dar errado... quer um exemplo: Toda vez que for apontar um lápis no apontador ele vai ficar apontadinho e bonitinho, mas na hora de escrever a ponta vai quebrar; e isso vai acontecer sempre!". Pois ditas essas sábias palavras, você vem ao mundo... meio sem querer, mas vem (todo esperma é sagrado). Já deve sair como Macunaíma!
E assim vai, ao longo dos anos: Você é o rejeitado na escola (é considerado feio, gordo, esquisito, cheio de espinha, e isso na vida colegial é imperdoável! Você merecesse ser "zoado"!), seus pais não estão muito aí para você (a não ser que gaste muito o dinheiro deles! Dinheiro que juntam e juntam e não usam para nada, ao menos nada útil), tem uma saúde meia-boca (porque todos dizem que o importante é ter saúde), não consegue arranjar uma relação (porque você tem todas as características já ditas anteriormente, portanto, as mulheres ou homens te menosprezam), quando arranja a mulher ou homem é uma(um) filha(o) da puta ou você não consegue manter essa relação (agora digo uma boa relação, alguém descente e que você goste e que essa também pessoa goste de você). É um(a) aluno(a) medíocre na melhor das hipóteses, é fraco (fisicamente e psicologicamente), tem distúrbios mentais, complexo de incapacidade e inferioridade; e quando está prestes a morrer, viu que não fez nada de bom na vida. Só falta descobrir que o inferno existe!
Este é um fodido, por um acaso, esta é minha vida.
Meu nome é João Ninguém e eu sou um fodido.
"Boa noite João" ressoam as vozes ao fundo nos "Fodidos Anônimos".
Nota: Sim, este post é auto-biográfico.

sábado, dezembro 02, 2006

Exorcizando Fantasmas


Muitos dos nossos fantasmas nos perseguem vez ou outra. Mas e quando se vai atrás de seus fantasmas?
Pensando exorcizá-lo, persegui meu fantasma, mas não adiantou. A respiração ficou pesada, o coração bateu mais rápido: pior do que aparecer um fantasma para você é você aparecer para seu fantasma. Será que fiz eu o papel de assombração? Será que sou eu também um fantasma? Um fantasma de meu fantasma?
À distância suas formas pareciam diferentes das de anos atrás, sim, meu fantasma parecia mais forte. Ele vem se aproximando, eu não me mexia, tentava esboçar um sorriso, mas é difícil quando uma assombração se aproxima tão rápido.
Oi!
Enfim, suas feições eram as mesmas, as palavras, a entonação que dava a elas, o jeito de entortar mais um dos cantos da boca, sim, meu fantasma ainda era o mesmo, e aí está o problema: sendo o mesmo, continua a ser fantasma, meu, minha assombração.
Como São Tomé, precisava ver para acreditar, quis ver para acreditar que o fantasma havia se esvaecido, exorcizá-lo mesmo, tirá-lo de minha cabeça, fazer uma sessão de descarrego.
Mas, confrontando-me a ele, que surpresa, continua tão assustador quanto antes, muito antes, muito assustador. Prestei atenção a cada detalhe, de cada palavra a cada músculo de seu corpo de lençol branco com dois furinhos para os olhos. Olhei bem. E depois fugi!

quarta-feira, novembro 22, 2006

Síndrome

Puta que o pariu! O que acontece!
Estou a dias sem colocar nada de novo no blog e mesmo assim nada surgiu! Será que podemos chamar de crise de abstinência?! Se tivesse de prestar vestibular de novo estaria fodido pois nada vem à minha mente! O que faço! Vivo inercialmente e não é nada disso que eu quero! Meu maior medo... Uma certa angústia, um grande nervosismo, não paro quieto, mas mesmo assim as palavras não surgem... a última vez que me lembro de que algo realmente interessante surgiu foi a mais de um mês, e não consegui colocar as idéias aqui porque depois as perdi! É possível!?
Parece que travei, que estou em processo de mudança, que virarei uma barata gigante!!! (Mas se eu virasse uma barata gigante eu conseguiria escrever um livro de grande importância e sucesso!... Uma grande idéia!).
O que fazer? O que fazer? Sexo? Drogas? Rock'n'Roll? Doritos? Nada disso tem adiantado... será um regresso, ou é só uma questão de tempo para que eu escreva um best-seller?
Nossa! Como eu sou cheio de dúvidas quanto a mim mesmo!

sexta-feira, novembro 03, 2006

Acabou,acabou! Buááá



Acabou a 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Nossa, estou cansada. Vi cerca de 25 filmes (isso porque tem gente que sobrevive a 70), conheci muita gente legal, subi e desci a Augusta (infelizmente não a 120 por hora) várias vezes, uma loucura. Cheguei adiantada, atrasada, emocionante. Mas, como não tive tempo de fazer isso durante a Mostra, vou postar aqui e no outro blog (Sem conhecimento de causa) algumas anotações sobre os filmes que vi, caso se interessem, juntamente com algumas crônicas que entitulei "Crônicas de uma Mostra".

Melhores cenas da Mostra:
- Zac cantando uma música do David Bowie com o rosto pintado igual ao do cantor. C.R.A.Z.Y.
- O personagem principal sendo "acusado" de ser inocente, quando se dizia ele mesmo culpado, por seus companheiros "mafiosos" da polícia. Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita
- O personagem furando o olho do Tio Patinhas de borracha. A classe operária vai ao paraíso
- "Só faltou o amarelo para ser comercial da Benneton". Que tan lejos

- Os mímicos de Paris, je t'aime
- O pai com aquela armadura sangrando enquanto a filha toca piano com aquelas asas negras, nonsense total. Mezcal
- "Acabou-se a música". Plutarco de O Violino
- O desespero de Jörgen antes de morrer em After the wedding.
- As sessões acompanhadas de música ao vivo das restaurações de filmes baseados na obra de Shakespeare de 1899 a 1911 e de Cabíria, a primeira mega-produção do cinema em 1914.
- Penélope Cruz cantando lindamente em Volver.
- O silêncio em Hamaca Parguaya.
- Ver Macunaíma restaurado no encerramento.

Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita

Itália, 1970, Elio Petri.
Palma de Ouro em Cannes, Oscar de melhor filme estrangeiro.
"Qualunque imposizione faccia su di noi, egli è servo della Legge e come tale sfugge al giudizio umano". citação final no filme de O Processo, de Kafka.

A nós meros mortais às vezes parece incrível mas, querendo ou não, sabemos que a justiça pode ser cega, mas tem conta bancária que aceita depósito, é tendenciosa. Sabemos que o Sr. do Estadão está solto enquanto inocentes estão presos.
Outro título caberia ao filme de 70, o nome de um filme também em cartaz na Mostra: "A comédia do poder" o novo de Chabrol.
Rimos, sim, todos na sala riram, porque é extremamente cômico, e extremamente triste.
Existem sim pessoas acima de qualquer suspeita, pessoas com muito poder, mais do que acima de qualquer suspeita, estão acima de qualquer justiça. Não podem nem assumir serem culpados porque serão inocentados por seus iguais, pois se um cair, todos caem. Como diz meu pai: "Ah, u pudêrrr" (ênfase da fala).
A câmera foca o poder, filma o poder, mostra o poder, suas corrupções, seus fetiches. Gian Maria Volontè, o ator principal também de "A classe operária vai ao paraíso", consegue sair do oprimido desdedado e ir ao opressor poderoso, e você nem se lembra que ele não tem mais o anelar.
Todo o esquema do poder lembra a máfia, seu "chefe" lembra o Padrinho. Ele imagina como será seu julgamento pelos iguais e nem nós percebemos que é puro sonho mas, descobrimos, cremos, que será assim mesmo e não é que...

Qué tan lejos

Equador, 2006, de Tania Hermida.
http://www.que-tan-lejos.com/

Eu amo road movie!
Sim, quem mora em país de "3º mundo" "exótico" sabe que o país é mais do que paisagens de cartões-postais. O Brasil não é só Cristo Redentor, Pelourinho, Copacabana, Porto de Galinhas, Pantanal. Muitas vezes é preciso girar a câmera 180°, às vezes só 90° já basta, e ver o que é um país subdesenvolvido e porquê somos considerados como tal.
Mais, sendo menos pessimista, o Brasil tem também outras belezas que não constam de cartões-postais nem nos guias de viagens.
Assim também são nossos vizinhos que esquecemos, como o Equador. Quantos filmes equatorianos você já viu? Quantas cidades do Equador você sabe o nome? Quito? Só sabemos que existe o Equador por causa da pergunta de primário: Quais são os países da América do Sul que não fazem divisa com o Brasil? Equador e Chile. Uau!
"Qué tan lejos" é quase divino. Menos dogmático que "Diários de motocicleta" e mais problematizante e tão divertido quanto "E sua mãe também". Divertidíssimo aliás. Ri demais. Mas também chorei. E jamais é piegas.
O equilíbrio é alcançado com dois extremos encontrando-se, a personagem Esperanza, espanhola de Barcelona que trabalha numa agência de turismo, ganha viagens mas passa todas elas tirando fotos e filmando, e a personagem Tristeza, ou melhor, Teresa, uma universitária descontente com a situação política e econômica de seus país e se revolta com a postura turística de Esperanza, bom, no começo.
O filme narra a viagem das duas entre Quito e Cuenca, passando por cada situação cômica quase inacreditáveis. Coincidências mil.
Interessante o modo de apresentar personagens e cidades. Nome, registro no cartório, mãe, pai, profissão dos dois, primeira menstruação (primeira "gozada" para os homens) e doenças importantes na família. Para as cidades, data de registro nos cartórios da colônia e povos que formaram a cidade no início. Apresenta-se até um rio que, eu não sabia, deságua no Amazonas.
Um filme apaixonante e sensível.

Filmes afins:
- Diários de Motocicleta , EUA, 2004, de Walter Salles
- E sua mãe também... , México, 2001, de Alfonso Cuarón

domingo, outubro 29, 2006

Os EUA contra John Lennon




EUA, 2006, David Leaf, John Scheinfeld.

"Give peace a chance."

John e Yoko, ícones de uma geração. Todos os ícones acabam em problema, veja Marilyn Monroe, James Dean, Sid Vicious, Janis Joplin. Com certeza cada um deles, e muitos outros, merecem um filme tão bem feito quanto "Os EUA contra John Lennon".
Aliás, o filme vem em boa hora já que Bush é o novo Nixon, empreendedor de guerra, e parece não existir movimentos juvenis como os da época de Lennon. Falta um artista como ele agora. Pessoalmente, nunca fui fã de Lennon, nunca significou muito para mim, musicalmente falando, mas os EUA precisam de uma voz como a dele e a de Yoko dizendo as coisas que eles diziam.
Mas sabe como é, agora grande parte do exército americano no Iraque é composto por americanos pobres e filhos de imigrantes "chicanos" agora com cidadania para combater pela democracia, pela liberdade.


C.R.A.Z.Y.




Canadá, 2005, de Jean-Marc Vallée

É, não é fácil ser você mesmo num mundo onde todos são iguais. Não é fácil ser você mesmo numa sociedade religiosa com padrões morais de merda. Mas família é tudo!
Cinco irmãos diferentes, os segundo mais velho é barra pesada, o segundo mais novo abre mão daquilo que realmente quer pela família, pelo irmão da pesada, pela mãe que tenta manter todos unidos. "Rocco e seus irmãos", certo? Não, Zac e seus irmãos.
Trocando Roma por Québec. Não é só porque o caso dos irmãos é parecido com o filme de Visconti que o filme de Vallée perde seu charme, aliás, esse é só mais um entre muitos, como trilha sonora, desde o movimento Flower Power até o punk, passando,é claro, pelos 70 do progressivo.
A sexualidade é difícil de descobrir, de aceitar e de assumir. O filme mostra como um garoto lida com seu homossexualismo, sua batalha diária contra aqueles que o amam. Sem perder o bom humor Vallée fala com profundidade do sofrimento do diferente entre iguais que não se aceitam.
Um dos poucos filmes que vi que obteve sucesso ao tratar do tema, sem cair em dogmatismos, esteriótipos ou preconceitos, seja com o heterossexualismo, seja com o homo.
E mais uma vez fica a pergunta: por que tanta dificuldade em aceitar um filho gay, uma irmã gay, um amigo? Qual o problema da sociedade?
Filmes afins:
- Party Monster, 2003, EUA/ Holanda, de Fenton Bailey e Randy Barbato

domingo, outubro 22, 2006

Noites

Noite de domingo (mas acontece em qulaquer dia), rua vazia, relativo silêncio (só o barulho dos carros)... solidão... medo, angústia, desespero... sinto uma enorme vontade de chorar.
A pior solidão é a de quando temos pessoas ao redor, mas é como se estivéssemos sozinhos. Fica um vazio, um desespero, não consigo explicar a sensação. Pensamentos não fluem naturalmente, idéias absurdas passam pela mente, até o corpo parece ter algo estranho, com uma sensação de que há um peso sobre ele.
Sem ninguém para abraçar, para beijar, para conversar... sinto sua falta. Mas não é só por causa de dias como esse; sinto sua falta o tempo todo, chega a machucar. Penso em você a quase todos os instantes. Procuro me ocupar para tentar esquecer, mas é em vão, e, quando parece eficiente, nada mais é do que um puro sedativo. Seu rosto, seu sorriso, sua voz, suas curvas e tudo mais vêm à minha mente avassaladoramente aumentando meu desespero.
Como disse, tenho dificuldades em escrever, não sou um grande escritor, por isso vou direto ao ponto: Eu te amo e te quero!